"Definitivo como tudo o que é simples nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram
Por que sofremos tanto por amor?
Por que sofremos tanto por amor?
o certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado
e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido
ao lado de nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido juntos
e não tivemos
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos
de ter compartilhado e não compartilhamos
por todos os beijos cancelados,
pela eternidade
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que poderíamos
estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender
Sofremos não porque nossa time perdeu, mas pela euforia sufocada
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo Confiscado de nós,
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo Confiscado de nós,
Impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam todas aquelas
com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: "Se iludindo menos e vivendo mais"
A cada dia que vivo, mais me convenço que o desperdício da vida está
A cada dia que vivo, mais me convenço que o desperdício da vida está
no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável, O sofrimento é opcional "
A dor é inevitável, O sofrimento é opcional "
Carlos Drummond de Andrade
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